sábado, 28 de janeiro de 2012

O Que O Preconceito Pode Causar A Uma Pessoa  -  Parte 2



Em uma tarde, na minha casa, estávamos ‘’estudando’’(enrolando que estava estudando e ficando) quando a pessoa que trabalhava na minha casa viu a gente quase se beijando. Eu entrei em pânico. Não sabia o que falar, na verdade fiquei um bom tempo calada e como meu coração quase ‘’saindo pela boca’’. Pedi pra que a minha amiga fosse embora, porque fiquei assustada e sem saber o que fazer. À noite meus pais me chamaram para conversar. Nunca tinha me sentido tão assustada. Eles já estavam sabendo. Estava tão em choque no momento que nem lembro o que eles falaram direito. Em um momento da conversa me pediram pra explicar, não saía uma palavra da minha boca. Foi bem estúpido o que fiz, mas peguei um papel e escrevi que eu gostava de meninas. Achei ridículo aquilo, mas eu realmente não conseguia falar nada. Só me lembro que o finalzinho da conversa minha mãe falou que a minha amiga não podia ir mais lá em casa e que eu ia pra uma psicóloga, porque seria melhor pra eu me entender e pra eles também. Depois desse dia achei que o pior tinha passado, mas na verdade estava só começando.
 Na semana depois desse acontecido pedi em namoro minha amiga, sei que parecia muita estupidez por causa das circunstâncias, mas eu queria. Ela demorou um tempo pra me responder, mas depois aceitou. Nunca tinha namorado ninguém, e essa notícia me deixou muito feliz.

 Nós duas estudávamos no 1° ano do ensino médio. O colégio todo já sabia do nosso namoro, antes mesmo de falarmos para alguém. Por onde passávamos todo mundo apontava, fofocava, ficava encarando...
 Como ela não podia ir mais pra minha casa e eu já não podia sair muito mesmo, pior ainda com ela, depois de um tempinho começamos a namorar no colégio. Todo mundo fazia isso e não tinha problema, porque nós não poderíamos também?
 É nessas horas que descobrimos nossos verdadeiros amigos, porque muitos só ‘’ferraram’’ com a gente.
 Estávamos num dia na aula e a coordenadora geral da escola nos chamou pra ir do lado de fora da sala. Não estava entendendo, porque nunca me chamavam pra nada. Saímos. A coordenadora mandou a gente acompanhar ela. Ainda não estava entendendo o motivo, mas continuei a acompanhá-la. Acabamos chegando à sala do filho da dona da escola, era o diretor, eu acho. Entramos e sentamos, sem entender o motivo de nossa ida até ele. Muito sério começou a conversar conosco sobre o fato de estarmos namorando no colégio. Que tinha alunos que estavam indo reclamar com ele sobre isso. Eu fiquei preocupada que ligassem para meus pais para contar isso e as coisas piorassem pra mim. Mas ele só conversou com a gente pra diminuir um pouco. Até entendemos ele. Mas nossas circunstâncias não estavam muito boas pra parar com nosso namoro na escola, diminuímos um pouco por um tempo. Depois de um tempo nos chamaram de novo na sala do diretor pra ouvir a mesma conversa, mas dessa vez ameaçaram falar com nossos pais sobre isso. Se fizessem isso eu só ia me ‘’fuder’’  mais e os pais da minha namorada ainda não sabiam, não seria muito bom saber por terceiros. Pouco tempo depois nos chamaram de novo, mas dessa vez fomos pra sala da diretora geral. Mas antes disso acontecer, minha namorada já tinha contado aos pais, não aceitaram super bem logo de começo, mas ficou tudo bem pra ela. Quando chegamos à sala da diretora descobrimos que ela já tinha falado com nossos pais. Mais uma vez um momento onde eu entrei em pânico e não sabia o que fazer e nem conseguia falar direito. Cheguei em casa, meus pais conversaram comigo pra não namorar no colégio, pra me ‘’proteger’’. Como se me esconder fosse melhor. Eles conversaram muitas vezes isso comigo.


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